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Visibilidade profissional do arquivista na área da saúde: ações desenvolvidas pelo projeto de extensão OPAIS – UFPB
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Visibilidade profissional do arquivista na área da saúde: ações desenvolvidas pelo projeto de extensão OPAIS - UFPB
Resumo
Estudar e compreender os arquivos é identificar o seu contexto de formação: a produção e as relações que os documentos assumem entre eles e com o próprio criador (instituição ou pessoa), isto é, entender a base de sua criação, de sua origem. Por isso, para cada campo especializado do conhecimento, existem situações específicas em que o arquivista terá que realizar, planejar, gerenciar, criar alternativas para os problemas encontrados em diferentes suportes e registros de áreas como educação, direito, contabilidade, saúde, entre outras. Esta última, em específico, tem se tornado mais evidenciada, pelo momento pandêmico atual que vivemos, promovendo, com isso, desafios para o arquivista, profissional que necessita de uma capacidade analítica, cujo papel é de destaque na constituição política dentro das instituições. Coadunamos com o que Lopes (2009) vem denominar de arquivista hermeneuta, profissional inquieto, questionador e observador, capaz de interpretar o sentido do seu trabalho e de compreender a essência e as relações do entorno de sua função junto aos arquivos e às informações. Apesar disso, esse olhar, muitas vezes, o do arquivista hermeneuta, é preterido, ou não conhecido. Pensando nisso, foi criado o projeto de extensão Orientações de Práticas Arquivísticas para Instituições de Saúde (OPAIS), na cidade de João Pessoa, que objetivou orientar conhecimentos arquivísticos para profissionais de unidades de saúde que trabalham, em seu cotidiano, com documentos. O projeto surgiu considerando que gestores e profissionais que lidam com os documentos em instituição de saúde necessitam compreender práticas voltadas para a Gestão de Documentos, o que não só envolve métodos de organização e disposição de documentos em prateleiras, mas tem, como eixo principal, políticas focadas em fluxos, em decisões e em ações que contemplam diversos aspectos relativos à produção, ao acesso, ao uso e à preservação dos documentos de natureza pública e privada. Compactuamos com Lima et al. (2018) quando afirmam que uma qualificação na gestão, na organização e no tratamento de informações da área de saúde torna-se uma atividade necessária e indispensável. Neste trabalho, objetivamos mostrar como o OPAIS, ligado ao curso de Arquivologia da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), tem apresentado resultados na projeção da Arquivologia e das funções do arquivista, por meio das orientações nas instituições de saúde. Como metodologia, utilizamos parâmetros qualitativos e quantitativos e descritivos por meio da especificação dos dados coletados, oriundos da aplicação de um questionário respondido por profissionais do Hospital Metropolitano Dom José Maria Pires, localizado na cidade de Santa Rita (PB) — instituição que recebeu orientações do projeto. O questionário foi elaborado pelo GoogleDocs e aplicado após a realização de todas as capacitações, com o link de seu acesso disponibilizado tanto via e-mail, quanto pelo grupo de Whatsapp dos funcionários que receberam as orientações: foram contabilizadas 50 respostas, quantitativo inferior ao número de participantes. O questionário continha questões objetivas e subjetivas, sendo elaborado em quatro etapas, com perguntas que visavam a levantar informações referentes à identificação, ao uso de tecnologias, ao projeto e ao conteúdo ministrado. Por meio das respostas dos participantes das orientações, conseguimos perceber a recepção dos conteúdos da Arquivologia, comentários sobre o fazer profissional, sobre a necessidade de uma visão especializada, bem como a necessidade de contratação de um arquivista. O perfil da turma é de pessoas entre 26 e 55 anos, com concentração maior entre 40 e 50 anos, e 86% de mulheres. A maior parte da turma possui o ensino superior completo, com concentração nas áreas de saúde e de ciências sociais aplicadas. Quanto ao uso das tecnologias, os resultados foram satisfatórios, com a indicação da facilidade do uso das ferramentas, bem como da viabilidade da modalidade de ensino remoto, reforçando ser esse formato um meio de integração entre os profissionais e possibilidade de execução durante o horário de expediente. No que concerne à metodologia adotada durante a execução das orientações, as respostas se mostraram satisfatórias, indicando que o formato de explanação expositiva-dialogada com uso de slides e com o fornecimento de materiais didáticos corroboraram para a apreensão e para o aprendizado dos conteúdos. Como indicação, foi sugerida a disponibilização do material didático previamente à realização da orientação, sugestão que será acatada e procedida nas próximas edições do projeto. Ainda na terceira etapa, as respostas, em sua totalidade, indicaram que a proposta do projeto, a de viabilizar orientações arquivísticas para profissionais atuantes no campo da saúde, foi plenamente alcançada, indicando ainda a recomendação do projeto para outros e para outras profissionais que atuam no mesmo campo. Na quarta e última etapa, referente ao conteúdo ministrado, constatamos nas respostas o pouco conhecimento sobre arquivos e sobre arquivologia a partir de sua atuação profissional prática, e alguns possuíam conhecimento mais amplo, por terem cursado a graduação de Arquivologia, ou realizado especialização ou cursos de curta duração na área. Quanto à contribuição do conteúdo para o cotidiano, no lidar com os documentos, as respostas foram de que as orientações colaborarão para a execução de suas atividades profissionais e de que eles redirecionarão a forma de trabalho, uma vez que os conhecimentos apreendidos serão, a partir de agora, implantados em alguns setores. Na sequência, as respostas referentes à necessidade de conhecimento dos conteúdos arquivísticos para profissionais que lidam com documentos foram, em sua totalidade, expressivas para o reconhecimento da indispensabilidade desse conhecimento no contexto hospitalar, tendo, em vista, a dinâmica documental da instituição, bem como a responsabilidade das informações que custodia. Por meio das respostas, também observamos a sinalização quanto à necessidade da presença profissional de um arquivista no arquivo da unidade de saúde, visto que corroboraria para sanar os problemas recorrentes quanto à gestão documental e à recuperação da informação. Observamos que o projeto atende, a um só tempo, os discentes do curso de Arquivologia da UFPB e os seus egressos, as instituições e empresas de saúde e, consequentemente, a sociedade, mas que, para além do objetivo de orientar, o projeto pode causar mudanças no olhar dos gestores que recebem essas capacitações, ampliando a possibilidade de contratação de arquivistas nas instituições. Conclui-se que ações executadas ainda no campo universitário, em nosso caso, por meio do projeto OPAIS, entre os discentes e a comunidade acadêmica, podem contribuir para a visibilidade profissional do arquivista dentro das instituições, indo ao encontro do que Souza (2011) vem intensificar sobre a visibilidade profissional, compreendendo que as instituições são produtoras de informações e de documentos, sendo, assim, espaços potenciais do trabalho do arquivista.
Palavra-Chave
Extensão > Extensão universitária | Gestão > Gestão de Documentos | OPAIS | Unidades > Unidades de saúde
Relacionado à Obra
Organizador(es)
DI BERBARDI, Adriana | LEHMKUHL, Camila Schwinden | LINDEN, Leolíbia Luana | SILVA, Ádria Mayara da | SOUZA, Luiza Morgana Klueger | WITKOWSKI, Michelle dos Santos
Editora
Natureza
Sessão
EIXO 2 - A FUNÇÃO SOCIAL E POLÍTICA DOS ARQUIVOS E ARQUIVISTAS NA CONTEMPORANEIDADE
Páginas
119-121