Resumo
O presente trabalho apresenta um estudo de caso centrado no processo de implementação de um centro de memória na Sociedade Hípica Paulista (SHP), clube paulista fundado em 1911. A sua fundação remonta a um período de fomento aos espaços de sociabilidade urbana com o aparecimento de clubes esportivos, parques, bares, cafés e teatros. A SHP desempenhou papel pioneiro para o desenvolvimento dos esportes hípicos em São Paulo, sobretudo expresso pelas modalidades de salto e polo. Ao longo do século XX, o desenvolvimento do clube associa-se igualmente às mudanças da malha urbana e das práticas sociais e culturais. Com o objetivo de resgatar o patrimônio e a memória histórica da SHP e das transformações urbanas da cidade de São Paulo e preservar e difundir os seus acervos arquivístico, museológico e bibliográfico acumulados em mais de um século de existência, a instituição empreende trabalho de implantação de Centro de Memória desde 2019. A construção do Centro de Memória perpassa pelo estabelecimento das seguintes etapas do tratamento documental: 1. Diagnóstico; 2. Triagem; 3. Estabelecimento de políticas; 4. Sistema de gerenciamento de acervo; 5. Conservação: higienização, restauro, acondicionamento. 6. Disponibilização para o público. As etapas de diagnóstico e de triagem iniciaram em 2019 e permanecem até o momento. Nestas etapas foram realizadas uma catalogação mínima dos itens documentais produzidos e reunidos pelo clube no cumprimento das suas funções, em instrumentos provisórios de organização, com referência às suas localizações no momento da catalogação. Esta catalogação permitiu o reconhecimento dos diversos gêneros documentais pertencentes ao Centro de Memória, como apontado por Ana Maria Camargo, e a identificação de fundos segundo a metodologia recomendada por Heloísa Bellotto. A partir do conhecimento dos acervos e dos tipos documentais foi possível propor à instituição o estabelecimento de uma Política de Acervo para definir a sistemática de recolhimento de documentos e informações, como indicado por Camargo, que deverá ser aprovada pelo Conselho Deliberativo. Também foi definido o Quadro de Arranjo do Centro de Memória, com a divisão em Coleções e Fundos. Foi realizada a contratação de um sistema de gerenciamento de acervo (SGA), com a capacidade não apenas de catalogar os diversificados itens de cada acervo do Centro de Memória mas também de relacionar estes itens e outras informações, propiciando uma interligação com o website da instituição, de modo a difundir o patrimônio e memória da instituição e o conhecimento gerado a partir dos documentos para os associados do clube e a população em geral. Também foi realizada a digitalização de documentos importantes para a instituição, identificados nas etapas 1 e 2. A etapa de conservação foi iniciada recentemente, propiciando um maior cuidado com a documentação e a indicação eventual de itens para restauro. A etapa de disponibilização para o público englobará também itens documentais digitais, a serem catalogados e indicados para preservação após a implementação do SGA segundo metodologia indicada por Miguel Arellano. A construção do Centro de Memória Sociedade Hípica Paulista permitirá a difusão da memória da instituição por meio do site e de exposições, sala de visitas para o público interno e externo como ressaltado por Camargo, porém pressupõe a superação de diversos desafios, especialmente institucionais, financeiros, tecnológicos. Os desafios podem se tornar uma barreira para a implantação do Centro de Memória, principalmente os institucionais, entretanto o mapeamento destes desafios e de caminhos para superá-los permitirá o resgate da memória e do patrimônio da SHP, de modo a viabilizar a finalização da implementação do Centro de Memória em 2021, ano em que a instituição comemora 110 anos, contribuindo para a pesquisa e difusão sobre a história da cultura e dos esportes hípicos na cidade de São Paulo.
