Resumo
A sucessão de escândalos de abrangência social, política e ética envolvendo altos escalões do governo, parlamentares e juízes, além de empresários, tem como denominador comum o fato de alçar ti cena principal os documentos de arquivos ou as informções arquivísticas de entidades ou pessoas públicas ou privadas. Uma análise da cobertura jornalística desses episódios indica uma espécie de “sacralização” dos valores de testemunho e de prova dos documentos”, que aparecem, no entanto, como peças isoladas, sem que os leitores percebam que se trata, de fato, de peças retiradas de um fundo arquivístico, seja ele público ou privado. A grande diversidade de documentos (quanto aos seus produtores, origem e tipologia) que tem freqüentado as reportagens suscita algumas questões do ponto de vista arquivístico, particularmente no que concerne a fàlta de controle da sociedade sobre esses documentos. Na maioria dos casos, pouco se sabe sobre os iùndos de arquivos de onde foram retiradas as peças apresentadas como provas, e provavelmente, nem mesmo os usuários desses documentos têm a exata noção do significado desse patrimônio documental. Assim, a nossa pesquisa num primeiro momento refaz, mediante um levantamento na imprensa, o percurso dos documentos que serviram de prova nas investigações identificando sua tipologia e seus produtores; em seguida, tentará verificar o grau de conhecimento dos usUários sobre documentos arquivísticos e finalmente tentará um diagnóstico da situação arquivística dessas instituições, tentando identificar particularmente as condições de preservação e acesso a esses fundos.