Resumo
Neste texto, relato duas experiências de ensino e pesquisa com acervos documentais conduzidas na Área de Ensino de História da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), na graduação e na pós-graduação. Tais experiências ajudam a refletir sobre as perspectivas de ensino de história que estamos a construir, coletivamente, há alguns anos, seja sobre a aprendizagem histórica em geral, seja sobre a aprendizagem histórica com acervos documentais. Entendo ensino de História como um campo de pesquisa atento às culturas escolares, juvenis e patrimoniais; aos debates sobre gênero e sexualidade; à imaginação, à utopia e à defesa de uma educação antirracista. A análise das experiências de trabalho com acervos documentais ajuda-me a argumentar que não há fronteiras nem hierarquias entre um suposto saber histórico acadêmico e um saber histórico escolar. Ao invés de fronteira, a aula de história é lugar de produção (coletiva) de conhecimento histórico. Seus limites não se definem – necessariamente – pelo espaço escolar, mas pelas políticas, éticas, estéticas e poéticas da sua criação. O conhecimento histórico é incompleto, falível e contestável – desde que guardados os critérios éticos de compromisso com a justiça para todas as pessoas. Logo, é também da natureza da aula de história o imperfeito e o inacabado.