Resumo
A guarda da memória familiar é destinada às mulheres, salvo raras exceções. Os arquivos pessoais, com seus objetos em diferentes suportes, são reveladores de sociabilidades e sensibilidades dos rastros cotidianos. Nesse sentido, o presente artigo tem como objetivo analisar o arquivo pessoal de uma mulher com pouca escolarização, de modo a compreender os registros escritos como suporte de memória. Trata-se de uma pessoa comum que registrou contas, escreveu listas de nomes e sobrenomes, acontecimentos regionais, nacionais e mundiais, além de outras coisas. Foram analisados seis cadernos de usos não escolares que compõem temporalidades distintas entre os anos 1946a 2012, trazendo os registros de traços do vivido no cotidiano rural por meio da escrita ordinária. A discussão teórica e metodológica está ancorada nos pressupostos da História Cultural e traz contribuições à História da Educação e à História do Tempo Presente por meio dos registros efêmeros.