Resumo
Propomos pontuar algumas relações existentes entre a organização de fontes documentais e a operação historiográfica, discutindo, em última instância, o próprio conceito de documento. Buscaremos relacionar as demandas do historiador, sobretudo da revolução documental a ampliação do campo conceitual do documento, efetivada pela nouvelle histoire -, com a organização arquivística de documentos. Posteriormente, através dos estudos da hermenêutica do cotidiano, defenderemos a valorização dos elementos informais não só na pesquisa histórica, mas sobretudo na organização arquivística. Pretendemos discutir também o papel político/cultural desempenhado pelos arquivos na operação historiográfica, pois os critérios de seleção e os métodos de arranjo e descrição dos documentos são portadores de uma carga ideológica muito forte e podem, a despeito da seriedade e/ou espírito crítico do historiador, propiciar uma visão restrita da história. Nesse sentido, a transparência dos critérios de arranjo, seleção e descrição toma-se um elemento primordial para o estabelecimento dos limites de análise e interpretação dos documentos; é preciso repensar o papel que os arquivos exercem diante da operação historiográfica.