Resumo
Ao fim do século XIX e começo do século XX, Campinas, localizada no oeste paulista, passava por profundas mudanças: um dos principais centros do comércio cafeeiro oitocentista viu um incipiente esforço modernizador se instaurar conforme a industrialização se concretizava no município. Com isso, a cidade passou por uma substancial mudança de seu centro enquanto novas construções aos moldes da linguagem arquitetônica eclética se popularizavam. Tais transformações marcam tanto a organização espacial, quanto a história de Campinas. Nesse contexto, o Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Campinas (CONDEPACC), o departamento de história da Unicamp e a FAPESP deram início, em 2005, à produção do Inventário do Centro Histórico Expandido de Campinas, com o objetivo de catalogar esses imóveis e servir-lhes como ferramenta de preservação. No entanto, a maioria dos estudos de tombamento abertos através do Inventário foram desfigurados e arquivados. A presente pesquisa, através de estudo documental desses processos renegados, visitas de campo aos imóveis e do debate historiográfico em relação ao arquivo, ao patrimônio, à memória e ao esquecimento, passou a tratar o inventário também como ferramenta historiográfica. Como resultado, construiu-se o termo não-patrimôniocomo sugestão de categoria dos estudos patrimoniais para caracterizar os processos de estudo de tombamento arquivados, mas plenamente funcionais enquanto fontes narrativas da História.