A crescente demanda por documentos do judiciário se justifica pela inserção na sociedade do próprio aparelho institucional da justiça, produtor de documentos reveladores dos aspectos cotidianos da vida privada. Assim, cada vez mais, processos judiciais tornam-se fontes privilegiadas e muito requisitadas por caracterizarem um rico manancial de informações sobre o viver em sociedade e o sistema burocrático que o cerca. Desta forma, o reconhecimento de tipos documentais como parâmetro para o estabelecimento de séries passa obrigatoriamente pelo processo de análise documental. Em meados da década de 1980, o Grupo de Trabajo de los Archiveros Municipales de Madrid, dedicado ao estudo da documentação municipal contemporânea publicou seu Manual de Tipología Documental de los Municipios fixando a tipologia documental mais recorrentemente produzida e solicitada pela administração pública espanhola, objetivando a formação de séries nos arquivos de sua responsabilidade – trabalho que se tornou referência para diversos estudos de tipologia documental. Levando em consideração as diferenças entre a produção documental do executivo espanhol e do judiciário brasileiro, reformulamos o dito modelo em busca de uma melhor compreensão do nosso objeto: a documentação pertencente ao Fundo Juízo de Órfãos de São Paulo 1578-1926 (APESP), apresentando uma nova proposta que apesar de também pautada no modelo espanhol, leva em consideração as característica da instância de poder ao qual pertence, assim como a evolução histórica dos tipos documentais identificados.