Resumo
No ambiente acadêmico brasileiro, nas últimas décadas, assomam com mais vigor os estudos sobre os conjuntos de documentos produzidos e acumulados por pessoas físicas. Dotados de grande potencial informacional e com características que muitas vezes destoam da realidade a partir da qual a disciplina arquivística se constituiu, estes conjuntos documentais atraem o interesse de pesquisadores não apenas da Arquivologia e da Ciência da Informação, mas também de outras áreas do conhecimento. Nesse sentido, o presente trabalho apresenta os resultados parciais da pesquisa de mestrado em desenvolvimento no âmbito do Programa de Pós-graduação em Ciência da Informação, da Universidade Federal Fluminense, e visa identificar a formação acadêmica dos pesquisadores-docentes dedicados ao estudo dos arquivos pessoais no país e as instituições a que se vinculam em sua formação e atuação profissional a partir da análise dos currículos disponíveis na Plataforma Lattes do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). A delimitação, enquanto universo de análise, dos docentes do nível superior com produção científica sobre o tema justifica-se pelo pressuposto de que, nas instituições de ensino superior, os profissionais que produzem conhecimento desempenham concomitantemente as atividades de pesquisa e docência - dois pilares do tripé sobre o qual se sustenta a universidade brasileira, a saber, ensino, pesquisa e extensão. Entendendo os arquivos pessoais como um tema pelo qual transitam diferentes disciplinas e que, consequentemente, é conformado por pesquisadores com distintos perfis de formação e atuação, consideramos que o presente trabalho contribui para trazer à luz uma realidade pouco explorada, ao buscar conhecer um determinado universo de produtores do conhecimento e identificar o perfil de formação destes profissionais. Os dados coletados permitem algumas apreciações preliminares, a exemplo da predominância de graduados nas áreas de História, Arquivologia, Biblioteconomia e Letras, bem como de mestres e doutores em História, Ciência da Informação, Educação e Letras. Em todos os níveis da formação acadêmica destaca-se o substancial predomínio das instituições públicas localizadas na região Sudeste. Quanto ao exercício da profissão, dentre as instituições que mais concentram pesquisadores-docentes dedicados aos arquivos pessoais, é possível destacar a Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio), a Universidade Federal Fluminense (UFF), a Universidade de São Paulo (USP), a Universidade Federal da Bahia (UFBA), a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Por fim, apesar da identificação de determinadas áreas predominantes na formação acadêmica, os dados sugerem que a pesquisa em arquivos pessoais no Brasil abrange um perfil diversificado e multidisciplinar de pesquisadores, o que revela as diferentes perspectivas que convergem para o tema, aspecto que reflete nos distintos modelos empregados no tratamento de acervos dessa natureza e, ao mesmo tempo, expressa a potencialidade de tais conjuntos documentais para os diversos campos do saber.
