Resumo
O volume e a complexidade da documentação reunida no arquivo pessoal de Darcy Ribeiro guardam paralelo com a pretensão totalizante de suas teorias, bem como com a sua conhecida eloqüência ao falar de si. Trabalho acadêmico, militância política e produção literária mesclam-se, no arquivo, a repercussões de sua atuação, redes de relações pessoais e registros do cotidiano, revelando os múltiplos projetos em que esteve envolvido (ou, como ele talvez preferisse, seus múltiplos fazimentos), ao mesmo tempo em que o próprio arquivo se constitui em um ambicioso fazimento de memória. O artigo busca lançar um olhar antropológico sobre esse acervo, com o objetivo de revelar as características de sua constituição e conteúdo, bem como de analisar de que maneira o campo institucional no qual se localiza e que lhe confere inteligibilidade, a Fundação Darcy Ribeiro, interfere na sua configuração.