Resumo
A preservação de bens culturais do passado e do presente para o futuro é tarefa dos arquivos, bibliotecas e museus, entre outras instituições ligadas à cultura. Muitas, no entanto, apresentam-se em condições que põem em risco a preservação de seus acervos. O ambiente, ou seja, os efeitos produzidos pela luz, pela temperatura, pela umidade e pela contaminação atmosférica, isoladamente ou conjugados, estão sistematicamente identificados como agentes de deterioração, e, o controle ambiental é uma das principais medidas de conservação preventiva das coleções. O controle ambiental, em clima tropical úmido, envolve, quase sempre, sistemas mecânicos de climatização. O alto custo da energia, além dos gastos financeiros de instalação e manutenção envolvidos, vem fazendo com que arquitetos e cientistas voltem cada vez mais a sua atenção para o estudo de soluções e técnicas alternativas de preservação, além do bom senso e simplicidade econômica e tecnológica. Principalmente depois do auge da crise energética mundial, na década de 70, a utilização de sistemas passivos para o controle climático dos edifícios, vem sendo largamente pesquisada, buscando a redução do consumo energético e o conforto dos usuários, dentro do que se convencionou chamar arquitetura bioclimática. Este trabalho reúne conservação de acervos e arquitetura, relacionando controle ambiental com um re-exame dos conceitos da arquitetura bioclimática, apresentando elementos que devem ser considerados para garantir o correto comportamento climático dos edifícios de arquivos e bibliotecas. A avaliação das trocas que se estabelecem entre o acervo e o meio através do edifício, possibilita a escolha de soluções de projetos que contribuam para o controle da umidade e da temperatura, bem como da iluminação e contaminação atmosférica, favorecendo a preservação de acervos e a redução do consumo de energia com sistemas de condicionamento. Em última análise, trata-se também de uma tentativa para contribuir para um melhor diálogo entre profissionais ligados a centros de documentação, que convivem, diariamente, com os problemas de preservação dos seus acervos, e os arquitetos incumbidos de projeto desta natureza.