Resumo
Dentro da história recente da sociedade brasileira, hão de ser destacados o enfraquecimento do período de arbitrariedade e a nova eclosão do movimento popular. Essa nova conjuntura levanta mais uma vez a discussão sobre as funções da história e sobre o papel do historiador na sociedade de classes brasileira atual. A pesquisa histórica e sua publicação têm se relacionado tradicionalmente com a academia, com as instituições privadas ou governamentais financiadoras. O que se levanta nessa comunicação é a discussão da localização e construção de arquivos que permitiriam uma pesquisa e socialização dos seus resultados como resposta às necessidades das organizações populares. Essa preocupação, se por um lado levanta a discussão de novas concepções de arquivos e documentos, por outro lado também suscita novas discussões sobre a democratização das fontes e sobre a metodologia de trabalho implícita nessa proposta. A descoberta e organização de arquivos populares implicam na discussão da participação da população trabalhadora nesse trabalho, não apenas na localização e criação das fontes, mas principalmente na decisão sobre o destino e apropriação dos resultados da pesquisa. Além da discussão com relação à construção de fontes e arquivos como resposta às necessidades das organizações populares, propomos uma discussão em torno de fontes já existentes em entidades tais como associações de moradores de favelas, bairros periféricos e centrais, sindicatos e entidades de educação popular.