Resumo
A organização da informação nos arquivos engendra rumos específicos em relação a outras práticas informacionais a partir do estabelecimento dos Princípios da Proveniência e da Ordem Original, tendo por origem a promulgação e validação destes pelo Manual dos Holandeses (1898) e no I Congresso de Bruxelas (1910). Assim, a Arquivística se constrói enquanto área de conhecimento autônoma por teorias e metodologias que visam representar as informações do contexto de produção dos documentos de arquivo em detrimento às de seu conteúdo. Porém, frente ao papel social da informação em tempos recentes, atualmente torna-se fundamental para a área valer-se de abordagens que contemplem o conteúdo dos documentos de arquivo. Propõe-se discorrer sobre as diferentes possibilidades informacionais que coexistem no campo dos arquivos, que sejam as que estão “dentro” e as que estão “fora” do documento de arquivo, isto é, informações de contexto e conteúdo. Para tanto, inicialmente buscamos analisar, na trajetória histórico-epistemológica da Arquivística, como tais diferentes tipos de informação foram considerados para, posteriormente, analisarmos os impactos do atual papel social da informação custodiada pelos arquivos. Como resultado, identificamos que as informações que estão “fora” do documento são portadoras de elementos que tributam à Arquivística sua identidade frente a outras áreas do saber. Contudo, não significa que as informações de “dentro” devam ser dispensadas ou negadas. Tanto informações de contexto, quanto as de conteúdo, devem ser representadas de forma unívoca e organizadas de modo a facilitar seu acesso de acordo com premissas específicas, porém não excludentes. O acesso à informação nos arquivos pressupõe, portanto, a solidariedade entre dois tipos de informação (contexto e conteúdo) e somente o efetivo entrelaçamento das duas categorias informacionais gera as condições para que os arquivos preencham seu papel social, ou seja, a organização do acesso a um determinado tipo de informação.
