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O pioneirismo da mulher na Arquivologia brasileira
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O pioneirismo da mulher na Arquivologia brasileira
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Resumo
A sociedade brasileira configura-se como um espaço heterogêneo marcado por desigualdades, assimetrias e violências, inclusive de gênero. Os campos do conhecimento tal como a Arquivologia refletem esta configuração, influenciados pelas estruturas constituintes da nossa condição histórica: o patriarcado, o patrimonialismo, o classismo. Assim, constituiu-se noções como a esfera pública sendo um lugar pertencente ao masculino, enquanto, a esfera privada, o lar, o ambiente doméstico e familiar como o lugar do feminino. Práticas culturais que criam um imaginário de dominação masculina em importantes áreas como a política, a economia, as ciências. Uma formação social que privilegia a narrativa na qual os homens detêm o saber e o poder, em detrimento da invisibilização das mulheres. Contrariando essa lógica, mulheres sobrepujaram tal sujeição e exerceram protagonismo na produção do conhecimento, mesmo em ambientes hostis. Diante dessa realidade, o objetivo desse artigo é analisar a atuação das mulheres na constituição da Arquivologia como campo científico no Brasil e suas contribuições para o desenvolvimento deste. O intuito é compreender como determinadas agentes participaram da fundação de importantes instituições arquivísticas, estabeleceram e implementaram métodos e técnicas, criaram e engajaram-se em associações, além de verterem-se em expoentes da produção científica na Arquivologia. A abordagem metodológica é de caráter qualitativo e exploratório. Por meio de um levantamento bibliográfico acerca da história da Arquivologia no Brasil, mapeamos nomes que figuraram frequentemente na literatura, justamente por suas colaborações na consolidação desse campo do conhecimento a partir da atuação nas frentes já citadas. Estabelecemos como marco temporal a segunda metade do século XX, justamente pela institucionalização da Arquivologia como saber científico disciplinarizado no Brasil. A pesquisa desdobra-se até a primeira metade do século XXI por considerar necessário certo distanciamento do passado para a maturação, revisionismo e avaliação da própria área sobre as obras e as ações empreendidas pelas personalidades analisadas. Essa análise foi cotejada com uma revisão de literatura acerca da construção social de gênero, perpassando por autoras como Joan Scott, Simone de Beauvoir, Donna Haraway e Jaqueline Leta. A disciplinarização dos saberes faz parte dessa investigação também. Apresentamos como resultados as formas que figuras femininas despontaram na consolidação de técnicas arquivísticas, inclusive compartilhando experiências e influências adquiridas na Europa e nos Estados Unidos como Nilza Teixeira Soares que, embora fosse bibliotecária de formação, tornou-se um grande expoente da Arquivologia brasileira por implementar no Brasil métodos arquivísticos que aprendeu a partir de seus estudos no exterior. Ademais, sua importante tradução da obra Modern Archives – principles and techniques, de Theodore Schellenberg, um referencial da literatura internacional do campo, tornou-se um grande referencial para a gestão de arquivos correntes no Brasil. Destacam-se também mulheres como Marilena Leite Paes e Helena Corrêa Machado que participaram ativamente na fundação e organização da Associação de Arquivistas Brasileiros, importante entidade no tocante a institucionalização dos cursos de Arquivologia no país. Cabe destacar a influência das brasileiras Ieda Pimenta Bernardes, Heloísa Bellotto e Ana Maria Camargo na produção científica da área, constituindo-se inclusive como referências internacionais, sobretudo pelas formulações acerca da tipologia documental, significativo contributo que instiga o desenvolvimento de estudos sobre classificação e avaliação dos documentos de arquivo. Citamos alguns ícones que revelam o pionerismo da mulher no campo da Arquivologia. No entanto, a pesquisa em sua íntegra aponta outras mulheres que tornaram-se referenciais nos processos de consolidação das instituições arquivísticas brasileiras; criação dos cursos de Arquivologia; fundação e engajamento em associações de classe; elaboração e difusão de técnicas e métodos arquivísticos; além das produções científicas que vêm contribuído para o desenvolvimento da área.
Palavra-Chave
Arquivos > Arquivos de mulheres | Campo arquivístico > Campo científico | Gênero | Pioneirismo
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Organizador(es)
Editora
Natureza
ISSN ou ISBN
978-65-991726-4-9
ISBN
978-65-991726-4-9
Sessão
Patrimônio, memória e documento
Páginas
1-22