Resumo
Parte-se da compreensão que tanto as Universidades quanto os Arquivos são instituições que, socialmente referenciadas, são fundamentais para a preservação do Patrimônio Cultural, e não devem, todavia, atuar apenas como coadjuvantes nesse processo. Em primeiro lugar, cabe destacar que o espaço do Arquivo deve, cada vez mais, ser tomado como lugar de produção de políticas de preservação do Patrimônio Cultural, pois sua participação nas ações culturais pode possibilitar a aprendizagem da História e da tomada de consciência das identidades culturais, por parte das populações menos letradas, pelo conhecimento das tradições e da história local. Da mesma forma, as Universidades precisam construir estratégias sólidas de valorização de seu patrimônio (intelectual-científico, cultural, histórico) que avancem além da atuação de professores e pesquisadores das áreas de Arquivologia, Biblioteconomia, Ciências Sociais, História, Museologia etc. em projetos muitas vezes reconhecidos entre seus pares, mas pouco atuantes dentro da instituição. Diante dessa alegada relevância social da Universidade e da função essencial que os arquivos têm nessas instituições, é importante refletir sobre o papel que os arquivos universitários podem (e devem) desempenhar, pois as universidades tornam-se referência para as comunidades em que atuam e, por consequência, refletem uma parte da(s) História(s) daquela população. Nesse sentido, é possível inferir que, nos arquivos universitários, estão depositadas, entre outras, fontes para história da educação, da ciência, do trabalho, da cultura etc. daquela comunidade. Esta comunicação tem por objetivo evidenciar o papel dos Arquivos Universitários na promoção de políticas de preservação, gestão e difusão do patrimônio da própria instituição, e, analisando o caso específico da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), no desenvolvimento da pesquisa em História Local/Regional. Em primeiro lugar, a pesquisa em História Local/Regional pode ganhar destaque na UERN pela sua inserção nas diversas regiões do Rio Grande do Norte nos últimos 50 anos, principalmente no interior do Estado. Ou seja, a atuação do sistema de Arquivo junto aos cursos de História (aqueles sediados na própria UERN ou em outras instituições) para preservar e divulgar a documentação da instituição e a doada por particulares – geralmente ex-alunos ou ex-servidores que acumularam livros e documentos importantes – e com ela produzir conhecimento histórico. Em segundo lugar, o ensino da História Local/Regional por meio dos Estágios Supervisionados das licenciaturas que podem, por sua vez, tanto levar a história da universidade às escolas quanto produzir/ensinar a partir dos arquivos escolares as próprias histórias das comunidades no entorno e da escola. Por fim, a ideia de que se faz mais do que necessário referenciar socialmente as instituições universitárias e evidenciar a identificação entre sociedade/universidade que supere a visão limitada de espaço de ensino/aprendizagem e, no máximo, de pesquisas científicas. É assim que a Extensão Universitária ganha destaque como base de respaldo da universidade perante a sociedade e é peça fundamental na divulgação dos acervos por meio da promoção de eventos e de núcleos de extensão que trabalhem com patrimônios documentais, como é o caso do Núcleo de Documentação e Pesquisa Histórica (NUDOPH), ligado ao Departamento de História/Campus Central da UERN. A articulação entre História Local/Regional e os Arquivos Universitários, evidencia-se na UERN pois, em muitos casos, os campi da instituição se constituem no único lugar de ensino superior de algumas cidades e, portanto, espaço de sociabilidades e constituição de memórias sobre importantes acontecimentos locais/regionais. A partir desse patrimônio documental, acreditamos ser possível produzir/divulgar a História local/regional de cidades e regiões do Rio Grande do Norte.
