Resumo
Entre os meses de junho de 2011 e maio de 2012, um grupo da Associação de Arquivistas de São Paulo dedicou-se a organizar e descrever o arquivo da arquiteta Lina Bo Bardi (Roma, 1914 – São Paulo, 1992). Multifacetado, o fundo espelha não apenas as diversas atividades exercidas pela titular – com especial ênfase em sua atuação profissional, pela qual se notabilizou nos cenários brasileiro e internacional –, mas também os papéis sociais por ela vividos e as áreas pelas quais se interessou. As reflexões que pretendo fazer derivam dessa experiência. Partindo das premissas metodológicas da chamada abordagem contextual, propostas por Camargo e Goulart (2007), foram elaboradas estratégias específicas para o tratamento de uma documentação intimamente ligada à arquitetura, processo que demandou da equipe denso esforço de pesquisa. À luz dos resultados obtidos, minha intenção é compartilhar as decisões tomadas e os caminhos seguidos ao longo do processo, excedendo o estudo de caso de modo a analisar – sem pretensão de exaustividade – os desafios impostos pelos arquivos pessoais à teoria tradicional, no que tange à caracterização dos documentos e sua descrição. A crescente tendência à disponibilização de arquivos, sobretudo por meio da Internet, demanda olhar atento e posicionamento crítico por parte dos profissionais da área. Levando em consideração as formas de divulgação dos documentos de Lina Bo Bardi e de fontes congêneres, pretendo, ainda que em linhas gerais, debater os impactos de tal fenômeno sobre a democratização do acesso à informação e a função social dos arquivos.