Resumo
Ainda que diante dos avanços estratégicos mediados pelo arquivista na moderna administração e do crescente impacto dos arquivos enquanto fonte privilegiada de informação, a imagem desse profissional ainda é indiscriminadamente associada a estereótipos negativos, amplamente difundidos pelos meios de comunicação e impregnados na sociedade. O arquivista é, usualmente, caracterizado como um profissional sem necessária formação acadêmica e que desenvolve trabalhos exclusivamente técnico-pragmáticos, desprovidos de atribuições intelectuais, contrariando a imagem de um profissional capaz de lidar com as complexas variáveis pertinentes ao manuseio e tratamento da informação e do conhecimento, independente do contexto a que estas se encontram vinculadas. A relação entre Arquivologia e a representação do arquivista no cinema e na televisão, objeto de análise deste trabalho, reflete nosso entendimento sobre o poder de persuasão destes canais enquanto meios de comunicação de massa capazes de instituir não apenas padrões estéticos, mas também, a construção de uma rede de significados de ampla repercussão junto à sociedade de consumo ideológico. Neste contexto, propomos ao leitor do presente texto, síntese de pesquisa realizada no curso de especialização em Arquitetura e Organização da Informação da UFMG, uma breve reflexão sobre a imagem projetada do arquivista pelos canais de comunicação supramencionados, a partir da análise de obras nacionais/internacionais, selecionadas por retratarem, direta ou indiretamente, o profissional atuante em arquivos. A partir destas obras, apresentamos a imagem do arquivista enquanto personagem de ficção que se opõe ao perfil definido não só pela literatura especializada, como também, por uma tradição histórica que atravessa os séculos.