Resumo
Nos últimos tempos a Imprensa tem sido usada intensamente como fonte documental nos estudos de História do Brasil. Na maioria das vezes, o recurso aos jornais não ocorre de forma sistemática e os historiadores deles se valem para ratificar análises apoiadas em outros tipos de documentação. Nosso trabalho sobre a Imprensa paulista tem uma proposta diferente na medida em que pretende analisar os próprios jornais. Esse objetivo se justifica por entendermos a Imprensa fundamentalmente como instrumento de manipulação de interesses e de intervenção na vida social, negando certas perspectivas que concebem um jornal como mero veículo de informações, transmissor imparcial e neutro dos acontecimentos ou então, como mero “reflexo” das transformações da época. Não pretendemos fazer uma história da Imprensa; nossa proposta consiste em tentar situar alguns jornais significativos dos anos 20-30, no processo político global, procurando compreender a ideologia por ele veiculada. No conjunto da Imprensa paulista, escolhemos como objeto privilegiado de análise quatro grandes grupos jornalísticos que se destacaram por uma prolongada participação na vida política do Estado – e também do país – tendo exercido papel importante no período em questão. São eles: O Estado de São Paulo, Folha da Noite e Folha da Manhã, Diário da Noite e Diário de São Paulo, A Gazeta. Como porta-vozes dos ideais liberais, esses periódicos paulistas se constituem em elementos importantes para o estudo de pensamento liberal. Através da Imprensa, os liberais pretendiam estabelecer uma linha política de produção das elites dirigentes e se empenhavam na luta pelo domínio das consciências, arrogando-se o papel de formadores da opinião pública. Procuraremos verificar, através dos editoriais, artigos, notícias, manchetes e até mesmo das ilustrações e propagandas, como atuaram os representantes desses jornais no sentido de cumprir os objetivos a que se propunham. Em suma, pretendemos realizar a análise dos periódicos inserindo-se numa realidade político-social que os explica e sobre a qual eles interferem.