Resumo
A crise da modernidade afetou as bases de projetos históricos consagrados. Continua trazendo perplexidades, perdas de utopias, mudanças de perspectivas, falência de instituições. O que significa a ação do Estado num contexto histórico de tantas fragmentações e incertezas é, por exemplo, uma questão sempre presente no debate político atual. As ideias neoliberais insistem em operar transformações que façam do estado uma instituição ausente dos grandes problemas sociais. Elege-se o mercado como "sujeito invisível" privilegiado, preocupado com a eficácia, dono de um pragmatismo avassalador. Visualizar o caminho da sociedade com teses utilitárias, choca-se com a ideia de construir uma reflexão permanente sobre a memória histórica. Há um desprezo pelo passado, um culto à rapidez que inibe a possibilidade de se exercer a crítica. A sociedade se veste com o ''glamour" da especularização e da presentificação dos seus atos. A memória e as utopias se tornam descartáveis ou são usadas com máscaras. Fala-se na pós-modernidade, livrando-se de um certo conteúdo niilista que vem marcando os últimos debates. A história não tem um sentido determinado, é o espaço do inesperado, amplo território de desejos e de escrituras surpreendentes.