Resumo
Este artigo analisa o sistema de catalogação do acervo de depoimentos de sobreviventes do Holocausto realizado pela Fundação Shoah, organização norte-americana criada em 1994. O objetivo e' demonstrar como ela acabou por produzir um sistema "totalizador" de memória, que buscava localizar com precisão borgeana toda e qualquer informação em meio a mais de cem mil horas de testemunhos. O fundamento desse sistema estava ligado a determinadas características da coleção, como a sua ênfase no "dever de lembrar" e a presença da tecnologia, vista como o elemento viabilizador dessas memórias no futuro. A organização se deparou, no entanto, com impasses no que diz respeito 'a operacionalização de um sistema com tamanha quantidade de dados, levando a uma tensão entre o desejo de lembrança e a necessidade de esquecimento.
