Resumo
Este trabalho tem por objetivo apresentar a importância dos registros documentais no processo de resistência da Escola Municipal Friedenreich, localizada no bairro do Maracanã, na cidade do Rio de Janeiro-RJ. Buscou-se problematizar o quanto os registros escolares são fontes importantes de empoderamento dos sujeitos escolares, estabelecendo uma relação, inclusive, com a identidade desses sujeitos. Como metodologia, realizou-se, num primeiro momento, uma análise bibliográfica, com o intuito de compreender como uma instituição de ensino – a E. M. Friedenreich –, por meio de seus sujeitos escolares, resistiu à sua remoção do Complexo do Maracanã, no contexto da Copa do Mundo em 2014 e das Olimpíadas em 2016 no Brasil. Inaugurada em 1965, ela deveria ser demolida naquele momento a fim de satisfazer determinações de órgãos internacionais, visando à construção de equipamentos de apoio aos megaeventos. Todavia, os organizadores do evento não contavam com o poder de articulação e a força dos sujeitos escolares, que resistiram e, com o apoio de outros setores da sociedade civil, fizeram o Estado recuar. Num segundo momento, para abordar os conceitos de memória e identidade, optou-se por realizar consultas aos fundos documentais produzidos e acumulados sobre a escola, tais como livros, artigos e notícias relacionados à tentativa de demolição. Levando em consideração as múltiplas relações existentes no ambiente escolar, refletimos sobre como a vasta documentação disponível buscou registrar as movimentações da sociedade contra as imposições do capital e como estes registros atuaram/atuam na (re)construção identitária dos sujeitos escolares por meio do processo educativo.