Resumo
Problematiza o conceito documentoem disciplinasque privilegiam aênfase nascaracterísticas de fisicalidade do suporte para alguma finalidade prática. Argumenta a necessidade de complementaridade a tais construtos no sentido de buscar caminhos de compreensão do fenômeno holisticamente, lançando as seguintes hipóteses: a) a materialidade do documento é ulterior à fisicalidade do suporte; b) o documento se constitui como um produto de práticas sociais, envolvido por diferentes institucionalidades. A reflexão sobre a relação simbióticaentre materialidade do documento e práticas sociais e institucionalidades é precedida do questionamento da epistemologia como espaço metadiscursivo, encontrando no componente político uma alternativacomplementar e estratégica. Buscacompreender o documento como objeto com valor social (fonte de informação ou evidência), tendo em vista, dentre outros aspectos, a autoridade do sujeito que valida o objeto nalgum contexto institucional. Objetiva, ainda, demonstrar que a materialidade do documento tem sua identidade determinada por sua função documental e por práticas sociais que lhe conferemvalor político. Para tanto, encontra subsídio em aspectos abordados nasobrasde Michel Foucault e deMaria Nélida Gonzáles de Gómez, considerando variáveis presentes desde a concepção de valores documentais até a validação da informação para a transformação do objeto em documento. Consideram, nessa direção, regimes, ações e práticas informacionais, num espaço interpretativo direcionado à tentativa de compreensão de empreendimentos epistemológicos e políticos de algummodo tocados, institucionalmente, pela relação saberpoder.