Resumo
O trabalho pretende analisar o processo concreto de constituição dos arquivos pessoais, desde os primórdios da acumulação, até a configuração que assume nas instituições responsáveis por sua organização e divulgação. A partir da análise das múltiplas interferências a que estão submetidos, busca-se desnaturalizar a associação direta entre arquivos pessoais e memória individual, destacando-se a dimensão social da produção deste tipo de fonte histórica. Ênfase especial é dada aos critérios que orientam a pragmática do arquivista e que conferem “valor histórico" a determinados aspectos da vida dos titulares e aos documentos que lhes correspondem. Enquanto outros são obscurecidos, por ocuparem um lugar secundário nas etapas de arranjo e descrição do arquivo. Para embasar esta análise, pretendo lançar mão tanto da experiência profissional acumulada como documentalista encarregada da organização deste tipo de arquivo, quanto daquela adquirida em pesquisa no arquivo pessoal de Filinto Muller, fonte para a produção de uma dissertação de mestrado em Antropologia Social que teve como objeto de análise parte da correspondência pessoal integrante deste fundo.