Resumo
Movido pelo tema contemporâneo da segunda redemocratização brasileira, neste século, e refletindo sobre a tradução autoritária do Estado no Brasil, o autor pretende levantar algumas questões em torno dos arquivos públicos, discutindo a sua inserção no quadro geral da administração brasileira e os pressupostos que orientaram e orientam a sua localização nos organogramas oficiais. Tal projeto exige, entretanto, a enumeração de algumas questões prévias que libertem o tema dos aspectos meramente burocráticos e institucionais e o projetem no processo de reviso crítica da relação entre Estado e Sociedade Civil no Brasil. Neste sentido, o debate deve abranger o exame: a) da relação do Poder com a produção do conhecimento histórico; b) da questão da produção da memória na perspectiva do exercício do poder; c) da necessária distinção entre História e memória do exercício do poder. Por outro lado, esta comunicação também pretende sugerir, na perspectiva das conquistas democráticas da Sociedade Brasileira mecanismos para uma maior intervenção social e comunitária na definição e no encaminhamento das políticas de arquivos (em especial, para os de nível local) que venha a impedir que estes continuem a ser a expressão única da vontade pessoal dos que, transitoriamente, ocupam o poder.