Resumo
A crescente disseminação da informação, resultante de um redirecionamento das demandas sociais e o impacto das tecnologias da informação, sobretudo da informática, levaram diversas áreas do conhecimento a rediscutirem seus paradigmas e metodologias de trabalho. As mudanças ocorridas na sociedade afetaram o arquivista. Um novo mercado de trabalho surge exigindo, de forma crescente, soluções rápidas e econômicas. O conteúdo informacional contido no documento passa a ser o principal eixo de análise, independentemente do suporte em que se encontra registrado, surgindo assim, novos desafios para esse profissional. Conceitos que outrora pareciam suficientes já não respondem às questões mais atuais. Faz-se necessário traçar novos caminhos para a área e seus profissionais. Nesse sentido, as universidades têm lugar de destaque pois são responsáveis pela formação dos mesmos. Propomos analisar os currículos do curso de arquivologia nas universidades do Rio de Janeiro (UFF e UNI-RIO), juntamente com o currículo mínimo do MEC, assim como o conteúdo oferecido aos alunos pelas respectivas instituições. O objetivo é verificarmos se os programas oferecidos são suficientes para formar esse novo profissional, colocando-lhe em condições de pesquisar e refletir sobre as mudanças ocorridas na sua profissão. Mais importante ainda, capacitá-lo de forma que possa garantir o seu espaço profissional em uma sociedade que apresenta um desejo pleno de modernização. Modernização essa compreendida como sinônimo de automação. Entendemos que a universidade tem um papel crucial no avanço do conhecimento e, por isso mesmo, deve abrir espaço para a renovação acadêmica com o intuito de estimular o trabalho arquivístico em uma área carente de pesquisas. Analisando os currículos das universidades do Rio de Janeiro e as entrevistas realizadas com alunos e docentes, verificamos que a estrutura atual dos currículos universitários não atende as demandas do mercado de trabalho. A valorização do profissional é o principal mecanismo para que possamos construir uma identidade. Essa valorização ocorrerá a partir do momento em que surgir no mercado um profissional qualificado. Para a construção dessa identidade profissional, faz-se necessário o trabalho conjunto das intuições arquivísticas, das associações profissionais e das universidades. Acreditamos que a harmonização entre o ensino e a arquivística seja possível desde que estas questões sejam revistas, extrapolando o campo corporativista que caracteriza a área, e passando às discussões mais profundas dos seus problemas.