Resumo
Durante séculos, o manuscrito foi visto como um objeto sagrado, uma relíquia em que se observa a qualidade do papel, geralmente amarelecido pelo tempo; tipo de caligrafia e, quando muito, tentava-se decifrar a mensagem, por mera curiosidade. Embora a Crítica Textual remonte da Antiga Grécia, sob os nomes de Filologia e Edótica, nota-se séria crise nesses estudos que ficaram restritos a literatura evangélica em trabalhos de pouco rigor. No século XIX surge com Kart Lachmann, a Crítica Textual com base científica e, com nova metodologia, são realizados estudos que visam, por meio de várias operações, à reconstituição do arquétipo para alcançar a história e a formatura do texto. Na França, após maio de 1968, a vida intelectual é renovada com a participação de estudiosos e críticos como Louis Hay, que tornou-se pioneiro de um novo caminho que chamou-se Crítica Genética. A partir de então, os documentos literários, nos arquivos, foram dessacralizados, permitindo investigação mais profundas dos textos em seu vir a ser. Nessa perspectiva, encontramos no arquivo do escritor Jose Américo de Almeida, nesta Fundação, manuscritos de algumas obras publicadas por esse autor. Nossa escolha deteve-se nos originais das crônicas Sem me rir, sem chorar publicadas na revista O CRUZERO, do Rio de Janeiro, em 1957. Nesses textos, estabelecemos como instrumento de trabalho, o prototexto das referidas crônicas, em demandas das operações de construção da narrativa, contemplando o provisório, nos movimentos alternativos das rasuras de substituição, eliminação e acréscimo, como registra a geneticista: Sônia Maria Van Dijeck "O estudo estabelecido em sua gênese reatualiza os paradigmas visitados por José Américo de Almeida em sua aventura de criação textual."