Resumo
Neste trabalho, temos como ponto de partida a grande importância sócio-cultural dos arquivos empresariais, consagrada por exemplo em iniciativas como o RAMP da UNESCO ou o programa pró-documento no Brasil. Trata-se aqui de debater de que maneira um perspectiva teórico-metodológico adequada poderá estabelecer um interação profícua entre arquivistas e historiadores, ao nível de transformação de documentos em fontes, tarefa dos bancos de dados e dos centros de documentação histórica. Há uma tendência, desenvolvida principalmente a partir da Universidade de Harvard (USA), para o privilegiamento de uma metodologia específica de trabalho denominada ‘’business history’’, preocupada segundo Rodrigues (1985), mais abrangentes da História Econômica. Tal tendência, embora extremamente Útil como divisão metodológica de trabalho historiográfico, privilegia determinados tipos de fontes em detrimento de outras; tende a levar os bancos de dados e centros de documentação a concentrar-se em atas de diretoria, papéis pessoais dos dirigentes, relatórios periódicos e testemunhos de história Oral, todos muito importantes; mas a desprezar séries como as da documentação contábil, da correspondência comercial, das contas pagas (como as das empresas de serviços públicos), dos arquivos de recortes e finalmente dos prontuários e livros de registros e ocorrências de empregados, estes Últimos tão importantes para a história social do trabalho, difícil de reconstruir como atestam Hobbsbawn (1973) e Gramsci (1974). Como bem percebe Maurice Hamon (1984), chefe dos quase 300 km. de arquivos da velha Saint Gobain francesa, necessário "ver grande" e enxergar nos arquivos empresariais a história da sociedade industrial como um todo; assim , só uma visão de totalidade do processo social, critica e criadora, pode dar conta da ordenação de informações constantes de séries arquivísticas empresariais e de sua referenciação precisa, feita de maneira integrada, como fontes para a produção de conhecimento histórico.