Resumo
Os documentos de arquivo se diferem dos demais por sua natureza instrumental, que lhes é atribuída se neles for possível identificar seu produtor e contexto de produção. A autenticidade e o valor de prova são comumente associados à forma como os documentos foram produzidos, mantidos e preservados, e de como estes procedimentos podem ser comprovados. Por sua vez, para além dos aspectos custodiais, a autenticidade e o valor probatório também podem ser aferidos a partir da organicidade e do interrelacionamento que todo documento de arquivo possui com os demais documentos que integram o mesmo conjunto. No âmbito dos arquivos pessoais, tal compreensão assume importância significativa, uma vez que grande parte da documentação produzida e acumulada por pessoas físicas não resultam de “rotinas processuais”, tampouco são mantidos e preservados de forma clara e objetiva por seus titulares e herdeiros. Reconhecendo a relevância que a abordagem contextual adquire tanto para a organização quanto para a descrição dos arquivos pessoais, analisaremos a metodologia adotada no tratamento da documentação custodiada pela Fundação Fernando Henrique Cardoso (FHC), destacando a sua importância enquanto ferramenta necessária à manutenção da autenticidade e do valor probatório em arquivos pessoais.
