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Tendências conceituais entre arquivo e memória: um estudo de revisão bibliográfica
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Tendências conceituais entre arquivo e memória: um estudo de revisão bibliográfica
Resumo
As pesquisas desenvolvidas por docentes sobre arquivos e memória, pode-se dizer, que estão cada vez em evidência, sendo mais difundidas a partir de 2005. Anteriormente a esse período era pouco frequente se ver a publicação de artigos, pesquisas acadêmicas, dentre outros, especificamente sobre arquivos e memória no campo da Ciência da Informação. Isso pode ser visto a partir da análise dos resultados do tema deste estudo, ou seja, que foi analisar a trajetória conceitual entre arquivologia e memória por meio de uma revisão bibliográfica. A partir da triagem do corpus da pesquisa que foram 26 artigos selecionados na Base de Dados em Ciência da Informação (BRAPCI). Esses artigos fizeram parte de um outro projeto de pesquisa, já finalizado em 2021 e intitulado Arquivologia e memória: uma análise da literatura no Brasil. Para alcançar os objetivos propostos neste estudo foram necessárias realizar as seguintes etapas: coletar os dados, portanto, as citações utilizadas como referência sobre memória e arquivo; analisar os dados coletados e; elaborar uma reflexão a partir dos resultados obtidos. Nesse sentido, pretende-se com este estudo contribuir no aprofundamento de tal reflexão e que poderá estabelecer uma conexão direta entre os temas a fim de construir uma narrativa por meio do levantamento bibliográfico. Para se chegar a essa reflexão, foram pontuadas citações sobre arquivos e memórias, e a partir dessa identificação, traçou-se os principais autores referenciados nos artigos. Os arquivos e a memória possuem uma forte ligação ao ponto de serem quase que indissociáveis. Juntamente com a história e a identidade desempenham uma função: manter a memória e a identidade vivas, tanto de uma sociedade como de um grupo. Schellenberg (2005) compreende que os arquivos são conjuntos de documentos pertencentes de instituições públicas ou privadas, tendo eles valor documental a fim de preservá-los em custódia permanente. A relação entre os arquivos e a memória é associada há anos. Lodolini (1990) compara o arquivo ao DNA humano, ou seja, sem o DNA, sem sua trajetória e história de vida, o homem é reduzido a quase nada, assim como os arquivos, uma cidade, um povo, uma nação sem seus arquivos não deixa rastros de sua existência, caindo, muitas vezes, ao esquecimento. Ao falar de memória social, Oliveira (2010) enfatiza que ao relacioná-la aos arquivos criou-se uma categoria predominante vinculando o conceito de memória social (informações registradas por uma sociedade) com os arquivos (preservação de registros como valor documental), fazendo com que os arquivos sejam considerados lugares de memória, e o arquivista preservador dessa memória. Nesse sentido, os arquivistas possuem responsabilidade da memória dos homens e da construção do futuro (FAVIER, 1994). A partir disso, entende-se que os arquivistas auxiliam na construção de memórias e, consequentemente, no futuro. Para a realização deste estudo foram utilizados como metodologia do tipo exploratória, teórica, documental e de cunho qualitativo e quantitativo, tendo como abordagem o levantamento bibliográfico e documental do tema. Por pesquisa exploratória, entende-se que a metodologia envolverá o levantamento da bibliografia e dos documentos relacionados ao problema da pesquisa (MOTTA-ROTH; HENDGES, 2010). Enquanto a pesquisa exploratória familiariza o pesquisador com o objeto de estudo, a pesquisa qualitativa aprofunda ainda mais o método de estudo utilizado pelo pesquisador com o corpus da pesquisa. Gil (2008) considera a revisão bibliográfica uma pesquisa bibliográfica, pois é elaborada a partir de material constituído de livros, artigos científicos, teses, dentre outros. Além da revisão bibliográfica, utilizou-se como métodos a pesquisa documental, ou seja, a partir das citações nos artigos já pesquisados na BRAPCI. Por meio da análise dos dados, ou seja, da leitura dos textos ficou claro que quatro textos não poderiam fazer parte da pesquisa pelos seguintes motivos: três dos textos não continham citações com embasamento teórico, pois eram relatos dos locais como centros de memória e história dos arquivos de duas cidades distintas, e um dos textos falava de memória, porém de tecnologia, ou seja, se concentra na memória tecnológica, portanto, não se enquadrou nos requisitos solicitados. A partir disso, o corpus da pesquisa foi reduzido, dos 26 artigos selecionou-se 22, e identificados um total de 42 autores, que foram divididos em autores brasileiros e autores estrangeiros, e para melhor visualização, foram agrupados em dois ciclos, sendo de 1990 a 2010 e 2011 a 2020. Os resultados foram os seguintes: brasileiros de 1990-2010: 11 autores, brasileiros de 2011-2020: 14 autores, estrangeiros de 1990-2010: cinco (5) autores e estrangeiros de 2011-2020: 12 autores, todos estes dados foram coletados e representados nos resultados desta pesquisa. Ao analisar os dois períodos, ficou claro que o segundo período (2011-2020) se obteve uma quantidade um pouco maior de autores citados comparados ao primeiro período, esse resultado está atrelado ao número maior de publicações no segundo período, que foram 17 artigos, já o número de publicações no primeiro período reduziu-se a cinco (5) artigos. Já os autores estrangeiros estão menor quantidade, contudo, no período de 2011-2020, a quantidade de autores citados foi maior que no outro ciclo. Pelos resultados da análise, encontraram-se 25 autores brasileiros e 17 autores estrangeiros, sendo alguns dos principais brasileiros citados: Aloísio Magalhães (1985), José Reginaldo Gonçalves (1988), Ecléa Bosi (1979), Heloísa Liberalli Bellotto (1991), Ulpiano Menezes (1999) e José Maria Jardim (1996). Os autores estrangeiros com maior frequência foram: François Dosse (2003), Andreas Huyssen (2000), Pierre Nora (1993), Jöel Candau (2009), Terry Cook (2004), Jacques Le Goff (1990), Michael Pollak (1989) e Maurice Halbwachs (2013). Ao realizar a análise quantitativa, a qual contempla a quantidade de vezes em que o autor aparece nos textos, observou-se os seguintes resultados para os autores brasileiros: Heloísa Liberalli Bellotto foi a autora que mais apareceu nos 22 artigos, sendo citada em 11 artigos, em seguida foram os autores José Maria Jardim, Georgete Medleg Rodrigues e José Reginaldo Gonçalves apareceram, respectivamente, quatro (4) vezes nos artigos. Com relação aos autores estrangeiros obteve-se o seguinte resultado: Jacques Le Goff e Pierre Nora foram citados em 11 artigos, por conseguinte Jöel Candau foi citado em cinco (5) artigos, após, Maurice Halbwachs, Michael Pollak e Terry Cook, cada um foi citado em quatro (4) artigos. Estes resultados foram coletados a cada texto e ao realizar uma leitura minuciosa dos 22 artigos. Portanto, percebeu-se pelas citações que foram utilizadas nos artigos que a maioria dos autores brasileiros possuem uma linha de pesquisa diretamente ligada aos arquivos, e discutem sobre sua relação com a memória, ou seja, colocam o arquivo num primeiro plano, como peça central da pesquisa. Já os autores estrangeiros, seguem uma linha de pesquisa relacionada à memória e sua ligação com a história, pois é através da história de uma sociedade que se pode preservar a memória de um local ou de um grupo, ou seja, o arquivo aparece como um elemento de segundo plano. Apesar de muitas das obras estrangeiras terem utilizado os arquivos como referência, nota-se que o documento possui um destaque maior que a instituição propriamente dita. Conforme os dados deste estudo sobre revisão bibliográfica observou-se que existem diversos autores que discutem sobre memórias e arquivos, perpassando por áreas da sociologia, da ciência política, da arquivologia, da história, da psicologia, da filosofia, entre tantas outras. Muitos destes autores contribuíram para a construção de conceitos e definições tanto de arquivos quanto de memórias. Portanto, o enfoque deste estudo foi trazer as tendências conceituais entre memórias e arquivos, e isso deixou em evidência a forte ligação que existe entre esses dois campos. Espera-se que os resultados desta análise promovam o campo de estudo no que diz respeito aos conceitos utilizados por pesquisadores brasileiros na formação de seus trabalhos acadêmicos em Ciência da Informação.
Palavra-Chave
Arquivos | Memórias | Revisão bibliográfica | Tendência Conceitual
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Organizador(es)
DI BERBARDI, Adriana | LEHMKUHL, Camila Schwinden | LINDEN, Leolíbia Luana | SILVA, Ádria Mayara da | SOUZA, Luiza Morgana Klueger | WITKOWSKI, Michelle dos Santos
Editora
Natureza
Sessão
EIXO 2 - A FUNÇÃO SOCIAL E POLÍTICA DOS ARQUIVOS E ARQUIVISTAS NA CONTEMPORANEIDADE
Páginas
116-118