Resumo
O feminismo, nas décadas de 1970 e 1980, tinha como objetivo a resistência ao autoritarismo. Como forma de vigilância e repressão a conduta de cidadãos e movimentos adversos à ditadura civil-militar, foram criados aparelhos estratégicos de informação, sendo um deles o Serviço Nacional de Informações (SNI). A produção acadêmica tem explorado a temática do SNI, entretanto, há uma lacuna quanto a questão do feminismo nos documentos produzidos e acumulados por essa instituição, e como ela observou a atuação desse movimento social e político. Objetiva-se, na presente comunicação, apresentar uma investigação em relação ao movimento feminista e o feminismo no fundo do SNI, disponibilizados na base SIAN/AN, no período de 1975 a 1989, data inicial e final em que aparece o tema documentado por esse fundo. A metodologia consistiu em análise exploratória de 70 dossiês selecionados e em seus documentos em que aparecem os termos “feminismo” e “movimento feminista”. A partir dos temas mais recorrentes foi selecionado um dossiê que foi explorado e apresentado nesta pesquisa. Os documentos mais relevantes foram: “Relatórios de informação de agentes infiltrados sobre reuniões, palestras, encontros do movimento feminista”; “Relatórios analíticos dos agentes do SNI sobre a literatura circulante com o tema feminismo”; “Relatórios de informação de periódicos sobre o movimento feminista no Brasil”. O despertar da consciência feminina aparece nos dossiês analisados, assim como a luta das mulheres pela sua liberdade e espaço na esfera pública. Nas décadas de 1970 e 1980, observa-se que o movimento feminista toma corpo e as teorizações sobre o tema tornam-se efervescentes, com propostas de mudanças cultural e política. Na presente comunicação, a opacidade das mulheres nos arquivos públicos é questionada, através de pesquisa da atuação feminina numa sociedade representada majoritariamente por estruturas de poder masculinas.
