Resumo
A profissão de arquivistas é reconhecida legalmente no Brasil desde 1978. Anterior ao surgimento do primeiro curso de graduação em Arquivologia, em 1976, e à regulamentação da profissão com a Lei nº 6546/1978, um grupo de profissionais abnegados fez surgir o movimento associativo culminando, em 1971, com a criação da Associação dos Arquivistas Brasileiros. A referida associação ganhou abrangência de atuação com a criação de Núcleos Regionais em vários estados brasileiros. A Associação de Arquivistas Brasileiros foi a única entidade representativa de arquivistas atuando em âmbito nacional até 1998 quando os Núcleos Regionais foram extintos, dando origem à criação de associações de arquivistas. Os cursos de graduação em Arquivologia, iniciados na década de 70, são ministrados em 16 (dezesseis) instituições públicas de ensino e em 1 (uma) universidade particular. Consequentemente o quantitativo de arquivistas com formação formal ampliou-se, consideravelmente e o número de associações de arquivistas chegou a 12 (doze). Paralelamente, o mercado de trabalho se mostrou promissor com o aumento do número de vagas em concursos públicos nos três poderes e nas três esferas de governo em todo o país, inclusive nos estados sem a presença do curso de Arquivologia. Diante de tal cenário, esperava-se que o movimento associativo de arquivistas também evoluísse na mesma proporção, possibilitando a renovação dos cargos das diretorias das associações e, sobretudo, da ampliação do quadro de associados. No entanto, observa-se uma participação tímida nos dois aspectos obstaculizando a continuidade e a expansão do movimento associativo. Outras entidades representativas de classe em âmbito nacional como Conselho Profissional e Sindicato foram propostas. Os projetos apresentados em várias ocasiões para criação de Conselho Federal de Arquivologia foram indeferidos e o Sindicato Nacional de Arquivistas e Técnicos de Arquivos – SINARQUIVO não chegou a ser registrado. A fim de compreender a motivação dos presidentes e ex-presidentes de associações de arquivistas e a ausência do sentimento de pertença ao coletivo nas novas gerações de arquivistas, está em desenvolvimento uma pesquisa que busca resgatar a memória do movimento associativo de arquivistas sob duas abordagens. Na primeira, pretende-se dar voz às personalidades que atuaram como interlocutores à frente das associações e que expandiram a luta em defesa dos arquivistas, construindo um outro olhar sobre o movimento associativo. Como segunda vertente, busca-se mapear a produção acadêmica científica que aborda o associativismo e as formas de relação com os arquivistas analisada anteriormente por SOUZA (2011); SILVA & ORRICO (2012); SILVA (2013) de modo a construir uma sequência cronológica dos discursos apresentados pelos autores. Prestes a completar cinquenta anos de luta em prol da categoria, a literatura sobre o associativismo de arquivistas ainda se revela reduzida assim como relatos dos atores que participaram ativamente de sua construção. A pesquisa utiliza-se da metodologia da história oral, pesquisa bibliográfica, além de questionários e entrevistas como instrumentos de coleta de dados. Como primeiros resultados foram mapeadas as principais fontes de informação que abordam o associativismo registradas nos livros, artigos de periódicos, monografias, teses, dissertações, trabalho de conclusão de curso, obedecendo um corte cronológico a partir de 1998, ocasião em que ocorre a extinção dos núcleos regionais. Estima-se que as discussões contribuam para que se amplie a visibilidade das associações e que sejam conhecidos os principais legados do movimento associativo para os arquivistas, para os arquivos, para a Arquivologia e para a sociedade em geral.
