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A preservação da informação
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Título
A preservação da informação
Autor(es)
Resumo
A preservação em arquivos e bibliotecas, hoje, não pode mais considerar apenas o documento/suporte, mas a função social da informação materialmente registrada no suporte. Não deverá considerar apenas a causa do dano, mas as conseqüências do dano. Não será mais uma atividade de cunho individual, mas de atuação interdisciplinar. E a pergunta inicial não é mais apenas como preservar, mas por que preservar. O propósito deste texto é analisar o estágio atual das questões que tratam da preservação dos registros arquivísticos, levantando aspectos e procurando identificar limites e interseções possíveis entre a preservação da informação e a Arquivística. Há algum tempo, a preocupação com a durabilidade e a permanência dos documentos que compunham o patrimônio cultural era atendida por meio da restauração e da conservação, ambas voltadas para a recuperação do estado físico do suporte com os registros. Logo a seguir, começa a ganhar força a conservação preventiva. Hoje, a preocupação encontra-se integralmente voltada para resolver a equação "precisão e rapidez na transferência e disseminação da informação versus a segurança e a qualidade (condições de uso) da informação disponível e disseminada". A preservação é, por natureza, interdisciplinar. E, necessariamente, o profissional da informação, o arquivista, o bibliotecário, o documentalista, o gestor da informação, ou como quer que se chame, terá a sua atuação, para preservar a informação registrada em qualquer suporte material, condicionada por uma intervenção, também necessariamente interdisciplinar. É assim que este profissional privilegia a preservação da informação em relação à preservação do suporte original. As suas decisões de caráter técnico, científico ou político deverão estar amparadas por um diálogo interdisciplinar. Não caberá ao "novo arquivista" despender tempo a obturar furos e rasgos produzidos por anóbios ou térmitas em livros e documentos em papel, ou dar banhos de produtos perigosos e mal-cheirosos, com os quais não tem nenhuma intimidade de trato e conhecimento, para a remoção de fungos de fitas de áudio e vídeo. A sua atuação deverá se dar por meio do conhecimento e da política. Ao arquivista caberá identificar a tempo a ameaça que a informação sofre ou poderá sofrer, por corrupção do material do suporte, por mau uso e acondicionamento, por suscetibilidade e limitações das tecnologias utilizadas, por diagnósticos precipitados ou inconsistentes, por decisões da hierarquia superior manifestadas nos orçamentos financeiros. No novo entendimento do que é preservação, o eixo da questão se desloca do tipo e da profundidade da intervenção de preservação sobre o acervo para as escolhas éticas, filosóficas, conceituais, ideológicas que assegurem durabilidade e permanência aos materiais com os registros e, por conseqüência, a transferência da informação. Isto implica em uma reformulação do dispositivo metodológico utilizado pelos profissionais da informação. Observa-se que há uma relação interdependente entre a plataforma tecnológica disponível e a forma e orientação das decisões políticas. Entende-se que cabe aos profissionais da informação oferecer as orientações e as diretrizes técnicas e científicas capazes de embasar as posteriores escolhas e decisões políticas. A ameaça diagnosticada na preservação da informação parece não estar nem na tecnologia em si, nem apenas nas decisões políticas, mas na fragilidade do diálogo até agora empreendido e na avaliação mais precisa das necessidades e possibilidades existentes. Sem perder a noção do contexto e de perspectiva, os profissionais da informação devem assumir também o papel de atores políticos nesse processo. Reconhece-se a complexidade do problema apresentado, mas é exatamente neste quadro complexo e ainda indefinido no campo da preservação da informação que se podem obter os referenciais epistemológicos que assegurem ao futuro a integridade dos registros para a transferência e disseminação da informação arquivística.
Relacionado à Obra
Sessão
Terceira Plenária: A tradição e os novos desafios para a conservação/preservação das informações arquivísticas
Ano
Observações
Palestra apresentada no I Congresso Nacional de Arquivologia, realizado em Brasília, de 23 a 26 de novembro de 2004.