Resumo
Este trabalho faz parte de uma pesquisa ainda em curso que tem por objetivo problematizar a tradicional ideia de “neutralidade” de gênero presente nos arquivos. A discussão neste artigo se orienta por um marco teórico pós-estruturalista, com ênfase em feminismo e pós-colonialismo. Desta forma, busca compreender como a mulher é retratada pela descrição arquivística, delimitando-se a arquivos pessoais. Analisa a representação feminina na descrição dos fundos dos arquivos pessoais disponibilizados pelo Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (CPDOC). Aborda arquivo enquanto campo de poder/saber em que se manifestam relações sociais nas quais o papel da mulher é periférico. Como resultado, observa que os fundos de arquivos pessoais do CPDOC refletem a reduzida representatividade feminina no cenário político brasileiro, evidenciando uma memória patriarcal como reflexo da própria sociedade. Conclui que é necessário aprofundamento de estudos de gênero pela Arquivologia, destacando que a descrição arquivística não é um fazer isento de valores perpetuados pela sociedade.