Resumo
As reflexões em torno da profissão de arquivistas em nossos dias pressupõem a análise de alguns aspectos fundamentais na Arquivologia em níveis internacional e nacional. No primeiro caso, cabe ressaltar a emergência de novos marcos conceituais questionando o saber arquivístico tradicional, a redefinição do papel das instituições arquivísticas e da formação profissional. Tais aspectos somam-se aos novos questionamentos sobre a função social dos arquivistas nas sociedades da informação. Todo este quadro esboça-se, sobretudo, a partir da valorização da informação como recurso e insumo nas sociedades pós-industriais as quais, historicamente, têm sido as matrizes de produção de conhecimento arquivístico. Novas demandas sociais de recursos informativos têm provocado, inclusive, o debate em torno do objeto da Arquivologia enquanto área de conhecimento, sua possível interseção com a chamada Ciência da Informação e as influências que recebe pela ampliação do uso social das tecnologias da informação. A identidade do arquivista começa a ser repensada, nessas sociedades, especialmente a partir dos anos oitenta. No caso brasileiro, o saber e o fazer arquivístico apresentam um histórico cuja consolidação tem início a partir dos anos setenta. Neste contexto, a profissão de arquivista é caracterizada por aspectos específicos, ainda que permeável ao quadro internacional. A identidade do arquivista brasileiro passa, portanto, pela própria legitimação do seu saber e do seu fazer por uma sociedade como a brasileira. O valor da informação como instrumento de progresso social e direito do cidadão servir como alguns dos elementos balizadores à construção ou redefinição desta identidade. Tal reflexão parece ainda incipiente no âmbito da comunidade arquivística brasileira e seus diversos agentes como as associações de classe, instituições arquivísticas e universidades. Este esforço reflexivo compreende, assim, uma análise detida dos nossos modelos de formação profissional, gestão da instituições e programas arquivísticos no âmbito público e privado, legislação e associações profissionais, produção de conhecimento e inserção no todo social, além da atuação da Arquivologia e do arquivista brasileiro em nível internacional.