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Fundo ou coleção? Reflexões em torno de um dilema
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Fundo ou coleção? Reflexões em torno de um dilema
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Resumo
Geralmente apresentados nos programas descritivos como elementos contraditórios e mutuamente excludentes, os conceitos de fundo e coleção merecem ser examinados em conjunto e com maior rigor. Há uma vasta literatura a propósito daquilo que, em Arquivologia, chamamos de fundo, na medida em que a ele se associam as propriedades e características dos arquivos propriamente ditos. O fundo equivale ao arquivo, mas o termo é empregado em circunstâncias muito específicas, típicas das grandes instituições de custódia de documentos: todo arquivo transforma-se em fundo quando, na fase permanente, tem que conviver com outros arquivos. A marca distintiva de cada arquivo nessa situação (isto é, de cada fundo) está inteiramente relacionada com a entidade de origem, seja ela instituição ou pessoa, e com os documentos que acumulou ao longo do tempo. Não é difícil entender, por extensão, a importância dos conceitos de proveniência e organicidade do material reunido no fundo, qualquer que seja a quantidade de documentos que o integram. A missão do arquivista, afinal, é garantir que os documentos reflitam o contexto em que foram acumulados por determinada entidade. Para que o termo coleção possa funcionar, no âmbito da terminologia arquivística, como antípoda do fundo, é necessário destituí-lo dos atributos referidos. Os documentos de uma coleção, por exemplo, não são reunidos por acumulação, ou seja, pela formação progressiva, natural, automática e orgânica que caracteriza os arquivos. Alguns autores acentuam o viés não natural dessa reunião, ora tratando-a como intencional ou voluntária, ora como artificial. Outros explicitam os elementos que contrastam mais diretamente com as características do fundo: os documentos de coleção, apesar de reunidos por afinidades de diversos matizes, têm múltipla proveniência e não mantêm, por isso mesmo, relações orgânicas entre si. Com fronteiras tão bem definidas, os conceitos de fundo e coleção provocam, no entanto, situações ambíguas e equivocadas, que procuraremos ilustrar a partir da bibliografia disponível e de experiências em andamento. A perspectiva desta palestra é postular e discutir a introdução, no processo descritivo, de elementos de identificação mais precisos e coerentes com a origem dos documentos e com a política de acervo das instituições de custódia.
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Observações
Apresentado no I Seminário de Terminologia Arquivística promovido pela ARQ-SP.