Resumo
Introduzir o tema da conservação preventiva em bibliotecas e arquivos do ponto de vista do controle ambiental e apresentar as novas ferramentas para interpretação de dados coletados por estações ambientais eletrônicas e digitais. A busca do controle ambiental na área de guarda de acervos de arquivos e bibliotecas, cujos suportes, em sua maioria quase que absoluta, são de origem orgânica (papel, couro, pergaminho, plásticos etc.) e, portanto, muito suscetíveis à deterioração, deve se pautar pelo controle e pelo monitoramento de quatro variáveis: temperatura (T), umidade relativa do ar (UR), luz e poluentes. É preciso considerar que o controle da luz pode ser alcançado com a simples vedação da passagem da luz solar ou através de um esquema racionalizado de uso da luz artificial. O mesmo ocorre com os poluentes em geral, onde a escolha dos produtos e materiais próprios e adequados utilizados nos acervos e a vedação das áreas de passagem do ar externo (poluído) praticamente acabam com os danos ao acervo. O maior problema está justamente no controle de T e da UR. Estas podem ser consideradas grandes vilãs na degradação por hidrólise (acidez) do material de arquivos e bibliotecas. Embora a influência danosa da T e UR não seja propriamente uma novidade, apenas de alguns poucos anos para cá é que medidas e estudos mais profundos e metódicos proporcionaram uma aferição mais exata e uma identificação mais precisa das consequências da variação de T e UR. O dado relevante é que variações bem menores que as tidas como "normais" apresentaram-se como catastróficas na preservação de acervos orgânicos. Tal revelação é fruto da aplicação e das pesquisas realizadas com as novas ferramentas "intelectuais" para interpretação de dados coletados de T e UR em ambientes de acervos. À luz da leitura proporcionada por essas ferramentas - Isopermas, Índice de Preservação (IP) e Índice do Efeito Tempo para a Preservação (IETP) - é que o diretor, gerente de acervo, arquivista, bibliotecário ou o conservador poderão atuar, proporcionando uma maior permanência para seu acervo, ou mesmo fazer opções e determinar prioridades quanto à ambientação de determinadas áreas e acervos em detrimento de outros. É a falta de conhecimento, mais que a escassez de recursos financeiros, que podem levar deterioração aos acervos. Assim, hoje, a preservação deve ser entendida como escolha (técnica ou política), onde identificar e "conhecer o que deve ser feito e como deve ser feito" é o mais importante.