Existe na arquivologia certo distanciamento entre suas formulações teóricas e as realizações práticas. Uma delas é a que vincula as funções arquivísticas a uma idade específica do ciclo de vida dos documentos. A prática dessa compartimentação não tem na literatura um aporte teórico. No mundo do documento físico, isso não fez parte de um debate central. O ambiente digital, a legalização do acesso à informação e os novos comportamentos informacionais provocaram um impacto importante em relação à aplicação de determinada função em uma idade documental específica. Alguns autores entendem que as funções arquivísticas, para atender o novo contexto e as novas demandas, precisam ser desenvolvidas durante o contínuo da vida do documento. O tema deste trabalho são as funções arquivísticas classificação e descrição. O objetivo do artigo é entender como trabalhar com a questão da representação da informação (classificação e descrição) nesse ambiente transformado. O resultado encontrado deu-se por meio de ampla revisão de literatura e da observação resultante de projetos de pesquisa junto a órgãos da administração pública federal, em Brasília. Considera-se muito difícil e limitado trabalhar com essas funções sem romper as barreiras impostas pelas idades documentais. A classificação e a descrição, para atingir seus objetivos, precisam ser realizadas durante todo o contínuo da vida documento de arquivo.
