Resumo
Com base na experiência vivenciada pelo setor de Pesquisa do Arquivo Nacional, esta comunicação procura colocar em discussão o papel e as possibilidades de contribuição deste tipo de atividade no processo de modernização dos arquivos públicos. Para efeito de sistematização dos temas a serem abordados, as áreas de atuação dos núcleos de pesquisa poderiam ser assim resumidas: a) Desenvolvimento de estudos na área de História da administração pública brasileira, seja na esfera municipal, estadual ou federal, como suporte a diferentes atividades, particularmente arranjo e recolhimento da documentação. As demandas feitas a este tipo de trabalho exigem que suas informações estejam sistematizadas em fichários, organogramas, bases de dados, quais, para atender de modo eficiente aos diferentes e variados setores dos arquivos que a elas recorrem; b) Desenvolvimento de pesquisas com base no acervo da própria instituição a fim de divulgar novos núcleos documentais e, ao mesmo tempo, apresentar descrições detalhadas daqueles já arranjados, oferecendo ao pesquisador externo uma visão completa do acervo que ele deseja trabalhar, demarcando os limites impostos pelas condições da documentação e reforçando sua potencialidade para a pesquisa histórica; c) Suporte ás atividade animação cultural realizadas pela instituição, tais como exposições, palestras, seminário, mostra de filmes e vídeos sobre ternas históricos. De maneira semelhante poder partir dos núcleos de pesquisa sugestão de títulos de obras raras a serem editadas ou preparação de publicações com documentos relacionados a alguma data comemorativa. Tais atividades, é evidente, só fazem sentido se integradas a uma estratégia maior de divulgação institucional e atuação na vida cultural do país, traduzindo o desejo de fazer da pesquisa histórica e das atividades de reflexão e crítica com relação a temas de grande atualidade, um dos meios de ação cultural. Todas estas áreas de atuação dos núcleos de pesquisa nos arquivos públicos devem, assim, representar uma síntese que reúna, de um lado, o apoio aos trabalhos de organização e recolhimento documental e, por outro, uma aproximação com relação ao público, seja o pesquisador acadêmico ou apenas o interessado na memória brasileira. De qualquer forma, o salto qualitativo da modernização à dinamização depende do estreitamento das ligações entre a História e a Arquivologia e, mais que isto, da superação de uma certa concepção de que arquivos devem ser instituições depositárias simplesmente. Arquivos devem deixar de imitar o destino dos documentos que vão parar em seus depósitos, passando de urnas à oficinas.