Resumo
Durante os últimos vinte anos, os especialistas em informação têm procurado concretizar o sonho de sistemas nacionais de informação, como ápice de todo um processo de intervenção racional na complexa teia de instituições e interesses ligados à produção, organização e difusão da informação. Em geral, essa intervenção parte de uma visão mecanicista e reducionista de todas as questões relacionadas com o setor da informação. Há uma espécie de reducionismo de cunho biológico em tudo isso. Faz-se um diagnóstico do problema, identificando-se sua etiologia, quando isso é possível, e se recomenda a terapêutica adequada. Durante todo o espaço de uma geração, a receita universal para os países em desenvolvimento se reduzia à fórmula mágica - a panaceia - dos sistemas de informação. Hoje, depois de tantas experiências frustradas, constata-se que se estava propondo uma terapêutica ilusória – um placebo - para um mal de natureza muito mais intrincada do que poderiam supor os planejadores de sistemas de informação. A sensação que se tem e de que foram anos perdidos, por termos desprezado o papel decisivo das forças sociais e econômicas e, mais ainda, por não termos procurado dar continuidade a nossa experiência histórica em matéria de informação. Em vinte anos o mundo desenvolvido deu saltos importantíssimos, e a tecnologia passou para segundo plano muitas das verdades intocáveis de alguns anos atrás. Talvez o nosso principal equívoco tenha sido o de não saber formular as perguntas apropriadas nos momentos adequados e termos nos deixado levar por formulações de cunho abrangente e universalista, desprezando aqueles fatores e condicionamentos que tornam cada país uma realidade própria, autônoma, dificilmente comparável com os demais em termos de desenvolvimento histórico e social.