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Análise documentária de imagens: documentos fotográficos e indicialidade
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Análise documentária de imagens: documentos fotográficos e indicialidade
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Resumo
Este trabalho tem como objetivo discutir a Análise Documentária de Imagens à luz da Ciência da Informação e da Documentação e proceder a uma reflexão semiótica em torno da transformação da mensagem fotográfica em mensagem escrita, visando a examinar e experimentar nova(s) metodologia(s) de tratamento e recuperação da informação contida em tais documentos, guarnecia de uma mensagem e possuidora de uma retórica própria, a fotografia enquanto documento é também um registro histórico. Tais características a tornam possível de uma dupla análise: uma essencialmente fotográfica e outra particularmente documentária. Existem vários guias que se pode seguir para a leitura de uma fotografia; neste trabalho tomaremos a semiótica de Charles s. Peirce – muito bem conduzida por Philippe Dubois. Servindo-se da teoria peircena dos signos, Dubois propõe uma análise semiológica da fotografia que caminha através das seguintes concepções: a fotografia como espelho real (Ícone), a fotografia como transformação do real (Símbolo) e a fotografia como prova do real (Índice). Interessa, aqui, verificar onde melhor se inscreve a fotografia enquanto documento; esta não pretende imitar a realidade e tampouco a transformar, mas se quer testemunha da mesma, registro de seu referente, com o qual mantém uma contiguidade física. Esta noção de contiguidade, ainda que suplantada pela questão do tempo que respira entre o ato fotográfico e a transformação do resultado - a imagem - em documento, investe, contudo, à fotografia o caráter de registro histórico. O halo de memória fotográfica reside, justamente, na relação do referente fotográfico, com o objeto que o eterniza, que o carrega no tempo. Pode-se concluir que, nos parâmetros buscado em Dubois, a fotografia documentária insere-se na categoria de Índice: ela indica, sempre, que aquilo existiu e se apresenta indissociável de sua existência referencial. Por isso ela pode contar a História. Os documentos fotográficos têm seu lugar definido nos acervos de arquivos, museus e centros de documentação. O conteúdo histórico e o valor informativo de tais imagens, muitas vezes inestimável, tem sido observado por alguns profissionais que estão imbuídos da tarefa de lhes extrair significados e organizar as informações. O advento da informática apresenta-se como um ponto definitivo - e, algumas vezes, definidor - na verificação da real necessidade de criar procedimentos satisfatórios quanto ao processo de Análise Documentária de Imagens. Descrever uma imagem e dela extrair significados linguísticos pode parecer tarefa simples ou destituída de regras. Entretanto, por mais que estas se apresentem, parece haver uma série de dificuldades em definir parâmetros para a extração de unidades de indexação. Ademais, elaborar um tesauro não é empreitada rápida. Ainda que possuam tal instrumento, algumas instituições têm procurado suplantar esta carência realizando um livre levantamento de indexadores. Entretanto, de algo se tem que partir. Mas, de quê? O ponto de partida para tentar minimizar, se não resolver tais problemas, talvez seja contextualizar a imagem que se pretende descrever, resumir ou indexar. Assim, propõe-se que a linha mestra de um trabalho de Análise Documentária de Imagens seja a contextualização das fotografias que se pretende catalogar dentro das temáticas principais existentes na instituição; algo que talvez se possa chamar de análise controlada permeada por assuntos permitidos, resultante uma política de acervo para a informação. É como se a grade de análise fosse elaborada segundo a contemplação efetiva dos referidos temas. O olhar do profissional estaria cronologicamente balizado e tematicamente limitado. É assim que uma mesma imagem seria descrita de diferentes maneiras por diferentes instituições, mas estaria atendendo mais satisfatoriamente a seus usuários frequentes. Cada instrumento de pesquisa constituir-se-ia, entretanto, de linguagens possíveis de se comunicarem entre si, visando, especificamente, aos processos de informatização por que estão passando as instituições arquivística, museológicas e de documentação. Propõe-se que o ponto de partida desta análise fundamentado na indicialidade, ou seja, além de responder às questões usuais (o que, quem, onde, ...), pode-se responder a uma questão mais geral: o que indica tal imagem fotográfica, qual o vestígio, a marca, o registro de realidade que se analisa.
Relacionado à Obra
Organizador(es)
Natureza
Sessão
Sessão de Comunicação Livre: Sessão 1 - Novas tecnologias e acesso à informação
Período
out.
Páginas
23-24